08/01/2012

Verdade ou Ficção / Outra História da "Francesinha"

"(...)Aparentemente, o criador do prato, Daniel David Silva, era “bastante mulherengo”.
Depois de um périplo internacional, aterrou no Porto e descobriu que as mulheres eram demasiado discretas para o que estava habituado, andando muito tapadas e sendo muito reservadas.
A desilusão com as mulheres portuenses levou-o, segundo Graça Lacerda, a querer criar um prato “apurado”.
“Ele dizia que a mulher mais picante que conhecia era a francesa. Quis dar um toque picante ao prato e chamou-lhe francesinha”, disse.
O petisco, que nos anos 50 era uma comida fora de horas - um lanche reforçado ou uma merenda depois de uma sessão de cinema tardia - estava conotado com o universo masculino.
“Ainda sou do tempo em que a francesinha era vista como um prato para rapazes solteiros. As raparigas que comiam francesinha eram mal vistas”, recordou.
Os tempos mudaram e com ele os preconceitos relativos à francesinha e até a sua própria “fisionomia”: um petisco que era pouco mais do que uma tosta mista com molho tornou-se num parto mais do que sustentado, para responder à evolução da sociedade.
“Hoje em dia, já não temos tempo para o lanche e as sessões de cinema proliferam. A francesinha passou a ser um prato de almoço ou jantar, ao qual se juntou a batata frita”, explicou Graça Lacerda, que se tornou especialista na matéria depois de longas pesquisas.(...)



Mais dados:


Receita da Francesinha
 
Ingredientes:

Para o molho
1 cerveja
1 caldo de carne (knorr)
2 folhas de louro
1 colher de (sopa) de margarina
1 calice de Brandy ou Porto
1 colher de (sopa) de maizena
2 colheres de (sopa) de polpa de tomate
1/2 copo ( +- 1dl ) de leite
piri-piri q.b.

Para a francesinha2 fatias de pão de forma
fiambre q.b.
queijo q.b.
salsichas q.b.
linguiça q.b.
carne assada ou bife q.b.
 
CONFECÇÃO:

Para o molho
Dissolver bem a maizena com o leite juntar os restantes ingredientes e com a varinha mágica triturar, levar ao lume até ferver e engrossar um pouco mexendo para não pegar.

Para a francesinhaFazer uma sandes com os ingredientes cobrir com queijo, colocar no centro de um prato e regar com o molho, e levar ao forno a gratinar.


Gastronomia do Porto

É entre Douro e Minho, gene da nacionalidade portuguesa, que se situa o Porto, com muitas tradições culturais entre as quais destacamos uma que lhe é reconhecida como importante e geradora de interesse para quem nos visita - a gastronomia. Quando se fala do Porto é imperativo falar de alguns pratos tradicionais entre os quais se destacam, pela sua história, as Tripas à moda do Porto, prato que dá o nome aos habitantes da urbe - Tripeiros - aqueles que comem tripas. Este prato, celebrizado não tanto pela confecção (dobrada de vitela com enchidos e feijão branco) mas mais pela atitude de dádiva das gentes do Porto que, em altura de crise, se disponibilizaram a dar toda a carne para as embarcações que partiam à conquista das praças do norte de África, ficando apenas com as tripas dos animais para seu sustento, é hoje o ex-líbris da gastronomia portuense. Mais que uma receita, este prato representa uma atitude bem presente no espírito das gentes do Norte: dádiva, sacrifício, disponibilidade e hospitalidade.
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Caldo Verde
Broa
Bacalhau à Gomes de Sá
Receita original
Cabrito Assado
Tripas à moda do Porto
Francesinha
Papos de Anjos
Pão de ló
Biscoito da Teixeira
Vinho do Porto

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Do Porto destacamos os pratos de bacalhau e de carne e uma doçaria secular de grande sabor e riqueza. Comer à moda do Porto é comer em abundância, qualidade e com grande requinte, sempre em mesas bem decoradas onde imperam as pratas dos nossos ourives, sobre toalhas de linho bordadas.



*Caldo Verde
O caldo verde está sempre presente nas ementas do Porto e da região minhota. Este caldo de batatas e couve verde de folha larga cortada finamente e regada com um fio de azeite é referenciado em vários livros de Camilo Castelo Branco como alimento matinal. Devido à sua simplicidade e leveza come-se sempre no início da refeição ou numa ceia tardia.

*Broa
O pão do norte é a Broa, feita de milho umas vezes branco outras amarelo, com mais ou menos centeio. É o acompanhamento das sardinhas assadas ou fritas, de pratos de bacalhau ou do caldo verde. O milho, outrora trazido do continente americano, depressa entrou nos nossos hábitos alimentares devido ao seu fácil cultivo e por ser mais saboroso do que o centeio com que se fazia o pão até então.

*Bacalhau à Gomes de Sá
Gomes de Sá era um comerciante do Porto nos finais do Séc. XIX. A ele se deve esta receita de bacalhau que, segundo a lenda, terá sido criada com os mesmos ingredientes (à excepção do leite) com que semanalmente fazia os bolinhos de bacalhau que deliciavam os amigos. Com efeito, os ingredientes são os mesmos, mas a receita resulta de uma confecção cuidada e de grande requinte. A receita que se segue é retirada de um manuscrito atribuído ao próprio Gomes de Sá que terá dado a receita a um seu amigo, João, com a deliciosa nota: "João se alterar qualquer cousa já não fica capaz"


Receita original“Pega-se no bacalhau demolhado e deita-se numa caçarola. Depois cobre-se tudo com água a ferver e depois tapa-se com uma baeta grossa ou um pedaço de cobertor e deixa-se então assim sem ferver durante 20 minutos. A seguir, ao bacalhau que está na caçarola e que devem ser 2 quilos pesados em cru, tiram-se-lhe todas as espinhas e faz-se em lascas e põe-se num prato fundo cobrindo-se com leite quente, deixando-o em infusão durante uma hora e meia a duas horas.
Depois em uma travessa de ir ao forno, deita-se três decilitros de azeite fino do mais fino (isto é essencial), quatro dentes de alho e oito cebolas alourar. Ter já dois quilos de batatas (cortadas à parte com casca) às quais se lhes tira a pele e se cortam às rodelas da grossura de um centímetro e bota-se as batatas mais as lascas do bacalhau que se retiram do leite. Põe-se então na mesma travessa no forno, deixando-se ferver tudo por dez a quinze minutos. Serve-se na mesma travessa com azeitonas grandes pretas, muito boas e mais um ramo de salsa muito picada e rodelas de ovo cozido. Deve-se servir bem quente, muito quente.”

*Cabrito Assado
Talvez por São João ser representado sempre com o cordeiro aos pés, numa alusão ao cordeiro de Deus, talvez por nesta altura do ano ser mais abundante esta carne, o que é certo é que não há festa ao São João sem um anho assado no forno ou cabritinho, sempre acompanhados por batatinhas novas, arroz de forno com enchidos e miudezas e grelos salteados. É também o prato tradicional da Páscoa - uma alusão sem dúvida bíblica e de tradição judaica - mantendo a receita mas com tenro cabritinho.

*Tripas à moda do Porto
O prato que dá o nome às gentes do Porto tem uma longa história. Embora existam várias receitas de tripas, como as de Caen, Lyonaises ou os callos à Madrileña, nenhuma assumiu um enquadramento histórico como as do Porto. A versão mais popular da lenda/história e que tem mais defensores e suporte histórico tem origem na grande aventura das Descobertas em que um filho da terra, o Infante Dom Henrique, precisando de carne para abastecer as suas caravelas para a conquista de Ceuta terá pedido ao povo ajuda no fornecimento das embarcações para tão grande empresa. O povo do Porto acorreu ao chamamento do seu Príncipe e logo encheu na quantidade necessária as barricas de madeira com carne salgada, ficando com as tripas que cozinharam em estufado grosso com enchidos e carne gorda, acompanhado na altura com grossas fatias de pão escuro. Mais tarde foi adicionado o feijão branco, conquista da descoberta de novos mundos, que também teve origem no mesmo senhor que encheu de carne os porões das suas caravelas. O prato ficou para a História de uma cidade que se revê não só nesta iguaria suculenta de aromas de cominhos e pimenta preta, adubada com enchidos de fumeiros caseiros e galinha gorda, mas sobretudo no gesto de entrega num dos momentos altos da nação portuguesa.




*Francesinha
Iguaria das noites do Porto, do fora de horas ou da refeição rápida, esta receita nasce na cidade nos anos sessenta numa inovação do croque-monsieur que um emigrante tantas vezes fizera em França, onde trabalhava. A sua forma abundante na quantidade e na diversidade dos artigos que a acompanham, adubada com um molho de marisco picante, veio de facto ao encontro das gentes do Porto que gostam de comidas com sabores carregados e de bom sustento. É, pois, um prato jovem, de convívio, grande na porção, quente no palato, inventivo na receita.





*Papos de Anjos
Muitos eram os conventos que existiam no Porto e que deram a conhecer receitas de doces que faziam a ainda fazem a delícia da mesa desta cidade, que tem sempre como apoteose de um repasto, uns docinhos de ovos. Pertencente à diocese do Porto, o convento de Amarante é conhecido, para além da sua arquitectura, pelos seus papos de anjo, queijinhos de São Gonçalo, lérias e foguetes. Na mesma diocese, o convento das Clarissas de Vila do Conde guardava uma receita de sopa doce. Mesmo no centro da cidade são famosas as trouxas de ovos do Convento da Avé Maria, local que deu lugar à estação de São Bento. O pudim de gemas e vinho do Porto é também um dos inúmeros doces que fazem parte da nossa tradição gastronómica. Muito doce, é todavia cortado pelo cálice de bom vinho do Porto que o deve acompanhar.

*Pão de ló
É no Porto que este doce encontra a sua expressão máxima. A Casa Margaridense, na Travessa de Cedofeita, confecciona-o como ninguém. Trata-se de um bolo fofo e leve que se come durante todo o ano mas que tem maior consumo na Páscoa. É um óptimo acompanhamento para o vinho do Porto e é muitas vezes o pão para acompanhar o queijo da serra no Natal. Todos os pretextos são válidos para degustar este doce, tido como um manjar dos deuses.

*Biscoito da Teixeira
Nas feiras e romarias é sempre possível encontrar este doce, de consistência dura, cor escura devido ao açúcar e gosto suave a açafrão. Está sempre presente em todas as romarias de entre Douro e Minho, conhecido por muitos pelo nome de intruso ou metediço. É apreciado sobretudo pelos mais velhos que o recordam das ancestrais festas religiosas que durante muitos anos eram a única animação cultural. Ainda hoje nas festas de Nossa Senhora da Lapa, São Lázaro e Senhora da Saúde se encontra o doce da Teixeira.

*Vinho do Porto
O Vinho do Porto é um vinho licoroso, produzido unicamente na Região Demarcada do Douro, distinguindo-se dos vinhos comuns pelas suas características particulares: uma enorme diversidade de tipos em que surpreende uma riqueza e intensidade de aroma incomparáveis, uma persistência muito elevada quer de aroma quer de sabor, numa vasta gama de doçuras e grande diversidade de cores. Usualmente o Vinho do Porto é resultado da junção de vinhos de diferentes anos. Com esta lotação pretende-se que a qualidade do Vinho do Porto se mantenha estável ao longo do tempo. São exemplos deste tipo de vinhos os Tawny com indicação de idade (10 anos, 20 anos, 30 anos e mais de 40 anos). Existem, no entanto, Vinhos do Porto de uma só colheita como é o caso dos Vintage, LBV e Colheita. Ao contrário dos vinhos de lote é possível apreciar as características do ano neste tipo de vinhos.


Fonte de informação
Porto Turismo
 Site Oficial de Turismo do Porto



Ancient Oporto



O Porto, O TE é uma cidade portuguesa situada no noroeste da Península Ibérica, sede do município homónimo com 41,66 km² de área, tendo uma população de 237.584 habitantes (2011)[1]. A cidade é considerada uma cidade global gama[2], sendo a capital do Distrito de Porto, da Área Metropolitana do Porto e da região estatística do Norte, sub-região do Grande Porto. A cidade metrópole, constituída pelos municípios adjacentes que formam entre si um único aglomerado urbano, conta com cerca de 1.286.276 habitantes[1], o que a torna a maior do noroeste peninsular e a segunda maior de Portugal, após a Grande Lisboa.
A cidade do Porto é conhecida como a Cidade Invicta. É a cidade que deu o nome a Portugal – desde muito cedo (c. 200 a.C.), quando se designava de Portus Cale, vindo mais tarde a tornar-se a capital do Condado Portucalense. É ainda uma cidade conhecida mundialmente pelo seu vinho, pelas suas pontes e arquitectura contemporânea e antiga, o seu centro histórico, classificado como Património Mundial pela UNESCO, e pelo seu clube de futebol, o Futebol Clube do Porto.
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Tem origem num povoado pré-romano. Na época romana designava-se Cale ou Portus Cale, sendo a origem do nome de Portugal. No ano de 868, Vímara Peres, fundador da terra portugalense, teve uma importante contribuição na conquista do território aos Mouros, restaurando assim a cidade de Portucale.
Em 1111, D. Teresa, mãe do futuro primeiro rei de Portugal, concedeu ao bispo D. Hugo o couto do Porto. Das armas da cidade faz parte a imagem de Nossa Senhora. Daí o facto de o Porto ser também conhecido por "cidade da Virgem", epítetos a que se devem juntar os de "Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta", que lhe foram sendo atribuídos ao longo dos séculos e na sequência de feitos valorosos dos seus habitantes, e que foram ratificados por decreto de D. Maria II de Portugal.
Foi dentro dos seus muros que se efectuou o casamento do rei D. João I com a princesa inglesa D. Filipa de Lencastre. A cidade orgulha-se de ter sido o berço do infante D. Henrique, o navegador.
Devido aos sacrifícios que fizeram para apoiar a preparação da armada que partiu, em 1415, para a conquista de Ceuta, tendo a população do Porto oferecido aos expedicionários toda a carne disponível, ficando apenas com as tripas para a alimentação, tendo com elas confeccionado um prato saboroso que hoje é menu obrigatório em qualquer restaurante. Os naturais do Porto ganharam a alcunha de "tripeiros", uma expressão mais carinhosa que pejorativa. É também esta a razão pela qual o prato tradicional da cidade ainda é, hoje em dia, as "Tripas à moda do Porto". Existe uma confraria especialmente dedicada a este prato típico .
Desempenhou um papel fundamental na defesa dos ideais do liberalismo nas batalhas do século XIX. Aliás, a coragem com que suportou o cerco das tropas miguelistas durante a guerra civil de 1832-34 e os feitos valerosos cometidos pelos seus habitantes — o famoso Cerco do Porto — valeram-lhe mesmo a atribuição, pela rainha D. Maria II, do título — único entre as demais cidades de Portugal — de Invicta Cidade do Porto (ainda hoje presente no listel das suas armas), donde o epíteto com que é frequentemente mencionada por antonomásia - a «Invicta». Alberga numa das suas muitas igrejas - a da Lapa - o coração de D. Pedro IV de Portugal, que o ofereceu à população da cidade em homenagem ao contributo dado pelos seus habitantes à causa liberal.
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O Porto tem um clima mediterrânico do tipo Csb de acordo com a classificação climática de Köppen-Geiger.[4][5] No Inverno as temperaturas variam entre os 5 °C e os 14 °C raramente descendo abaixo dos 0 °C. Nesta estação o tempo tende a ser instável com ocorrência de chuva e vento forte apesar de longos períodos com Sol e tempo seco serem também comuns. No Verão as temperaturas variam entre os 14 °C e os 27 °C podendo chegar aos 40 °C durante os fins de Julho e início de Agosto, sendo esta temperatura mais frequente aquando de uma onda de calor, comuns em Portugal. O tempo seco e soalheiro pode ser interrompido por dias nebulosos ou de chuva.[6][7] A baixa amplitude térmica deve-se à proximidade do oceano e presença da corrente quente do Golfo.
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Matosinhos-Leça
Ponte sobre o Rio Leça
circa 1911












Eléctrico na praia de Leça da Palmeira
Tradições de Leça da Palmeira

"Leça da Palmeira, uma cidade à beira-mar plantada desde antiquíssimos tempos tinha o seu modo de viver muito ligado à vida rural, nomeadamente ao calendário do homem do campo.
O lavrador leceiro cumpria religiosa e silenciosamente o seu paciente labor quotidiano ao ritmo que a própria natureza lhe impunha, só descansando um ou outro dia de festa, se isso lhe fosse permitido. Por vezes nem domingos havia!
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De Janeiro a Dezembro vivia para o trabalho, relacionando muitos deles com as suas actividades tal como sucede com os meses de: Junho, o S. João; Julho, o de S. Tiago; Setembro, o de S. Miguel; Outubro, o dos Santos, Novembro o de Santo André, ou das sementeiras; e o de Dezembro, o do Natal ou o mês das matanças, por ser a época em que se mata o porco.
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A indicação dos meses fazia-se por uma simples festa ou de qualquer acontecimento.
As estações do ano dividiam unicamente, em meses de Verão e meses de Inverno.
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No inicio do mês de Janeiro era hábito grupos percorrerem as ruas acompanhados por música de um ou outro instrumento musical, indo de porta em porta cantar as janeiras.
Se o dono da casa correspondia abrindo-lhes a porta, cantavam-lhe:
“Viva o dono desta casa / Raminho de salsa crua / Quando se põe á janela / Ilumina toda a rua”. “Viva a dona desta casa / Quando põe o seu mantéu / Quando vaia para a igreja / Parece um anjo do céu. Viva tudo, Viva tudo / Viva tudo nesta hora / Viva também o menino / Para não ficar de fora”
Caso isso não acontecesse, gritavam:
 “nesta casa cheira a unto aqui mora algum defunto. Esta casa cheira a breu aqui, morreu algum judeu”
E… toca a fugir!
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Em Fevereiro, dizia-se: “Que matou a mãe ao soalheiro”, e também que: “Lá virá o meu amigo Março que fará o que eu não faço”; tudo isto, claro, relacionado com o tempo de sol e chuva que fazia. Era o mês do Carnaval ou Entrudo, época em que as pessoas se entretiam, disfarçando-se com roupas velhas “correndo o entrudo ou o farrapão”, metendo-se com quem passava, usando esfregarem as caras, mutuamente, com farinha e previlhos. Embora actualmente escasseiem os farrapões, há os mascarados, sendo os encontros em modernos bailes em recintos fechados, estando em decadência o Carnaval grotesco vivido na rua.
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Em Março, “em que tanto durmo como faço” ou em Abril de “águas mil, coadas por um funil” ou em que “queima-se o carro e o carril”, ocorria a Páscoa com todo o seu tempo de preparação, com as Procissões dos Passos, a queima do Judas em que é escolhida uma pessoa da comunidade para ser caricaturizado, representada por um boneco de palha com bombas no seu interior ao qual é chegado o fogo após ser lido em tom jocoso o seu “Testamento”, em verso, e a Visita Pascal; e com a chegada do último dia do mês é tradição, os leceiros, grandes e pequenos, cortarem as maias nos campos próximos para as colocar nas suas casas, em todas as portas, janelas e até nos quintais, sementeiras e aidos do gado e capoeiros.
Diz a crença popular que as maias, isto é, as flores da giesta, colocadas nas habitações, significam os sinais postos ao longo do caminho para que Nossa Senhora não se enganasse, aquando da sua fuga para o Egipto com o Menino Deus.
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Casa que não tinha maias colocadas ao entrar o mês de Maio “em que se comem as cerejas ao borralho”, o Diabo sujará tudo, além de outros estragos.
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O mês de Junho, “com foucinha em punho” traz-nos os Santos Populares com todos os seus folguedos, as fogueiras e os bailes de rua que atingindo o seu ponto máximo no S. João, apesar de “pelo S. João os bois beberem nas pegadas”, “…cobre o milho o rabo ao cão”.
Uma tradição leceira deste mês de Junho é a cascata, que nos traz à memória o deslumbramento da imaginação, da harmonia e da inocência do representar o quotidiano da nossa terra em pequenas figuras de barro compradas na feira da louça do senhor de Matosinhos.
A festa era tal que até se cantava:
S. João da Boa Nova. / Nós te qu’remos festejar! / E se queres uma prova, / A tradição se renova, / ‘Stamos na rua a cantar! / … Da nossa terra formosa, / Foste festa popular! /E desta forma amorosa, / Vem tua Leça briosa, / A tradição reatar.
As crianças na rua faziam uma pequena cascata, e por vezes só com um dos Santos na mão, pediam “um tostãozinho para a cascatinha”.
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Em Julho, já com o tempo mais quente, começava o ritual dos banhos, primeiro no rio Leça, com fundos lodosos perigosíssimos onde muitos jovens ficaram; mais tarde os banhos de mar tomados de manhã bem cedo e rápido porque o trabalho não esperava.
Em meados de Julho regavam-se os campos para o que se cavavam sulcos extensos de modo a conduzir a água.
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Com Agosto à porta surgem as romarias populares, e além das festividades anuais que cada freguesia ainda mantém, perduram as populares e tradicionais romarias, meio pagãs, meio religiosas, onde o povo dá largas à boa disposição.
Pertencem ao número dessas romarias a Santa Eufémia, no alto da Carriça, onde o nosso pai Moisés ia de bicicleta, comprar as alhos e a melancia; a Senhora do Bom Despacho na Maia, etc.
Espontaneamente, ou não, os romeiros juntavam-se em grupos, designados por rusgas e manhã cedo lá iam a pé cantando e dançando, regressando ao escurecer, já com os farnéis vazios.
Destas rusgas nasceu o Rancho Típico da Amorosa defensor e guardião das tradições leceiras que com os seus trajes tão bem conservados, cantares e dançares, mantém vivas não só as tradições leceiras mas também a alma do nosso povo. É um regalo vê-los actuar! Obrigado Raúl.
Durante muitos anos os nossos primos Henriqueta e Hermano Rocha alimentaram a tradição cuidando com toda a dedicação desta nossa tão nobre associação.
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Depois do árduo trabalho do campo durante o ano, chega Setembro com a verdadeira azáfama, pois é altura de trazer para casa o milho, outrora transportado em carros de bois, descarregando-o no coberto onde era desfolhado, o que constitui um cerimonial, pois se durante o dia era um trabalho silencioso à noite, ao serão, juntavam-se os rapazes das redondezas. Quando alguém encontrava uma espiga vermelha, “milho rei”, tinha licença para distribuir abraços à roda. Se for espiga “rajada” ou “entremeada”, em vez de abraços à roda, são beijos. Os donos da casa ofereciam pão, vinho, e azeitonas, aparecendo quem tocasse, a gente jovem não resistia à tentação de dançar.
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Em Outubro com os trabalhos já encaminhados e o inverno a aproximar-se vamos referir uma outra tradição leceira, que naturalmente desapareceu; referimo-nos às lavadeiras de Leça, que no braço doce do rio lavavam a roupa de sua casa e a de muitas famílias inglesas que à época aqui habitavam, constituía um ritual não só pelo trabalho mas também pelo aspecto social, pois permitia pôr em dia as notícias sobre a vizinhança com o desmascarar de alguns “segredos” e o levantar de alguns boatos! Era uma coscuvilhice! Claro que nos encontros com as mulheres da outra margem do Leça, por vezes as conversas azedavam, ao ponto de chegarem a vias de facto.
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Novembro começa com a homenagem aos finados e aqui, por muito que nos custe, vamos falar dos enterros.
Assim, quando morria alguém “tocava o sino a sinal” por duas vezes se era mulher e três vezes se era homem.
O corpo é lavado. Se é homem faz-se-lha a barba, isto é o barbeiro dá-lhe uma “escanhoadela” e é vestido. Posto no caixão procede-se ao velório durante o qual se juntam familiares e amigos, sendo habitual à noite servir café e aguardente.
Á hora de sair o enterro o padre procede ao “levantar do corpo” organizando-se o cortejo fúnebre, à frente a cruz e dois acompanhantes aos guiões ou às borlas, serviço em que ganhámos alguns cobres conjuntamente com os nossos amigos Valdemar e Tito ao serviço do Sr. Silva Armador. A seguir o padre com o rapaz da caldeirinha e atrás do caixão os acompanhantes, familiares e amigos transportando palmas de flores e coroas.
Ainda em Novembro surgiam os vendedores de castanhas que as assavam no forno do padeiro, após o que as punham num saco de serapilheira, cuja boca fumegava, e percorriam as ruas de Leça apregoando: “Quentes e boas! São da quinta da minha avó”!
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Em Dezembro, já com frio, e com um cerimonial festivo fazia-se a “matança do porco”. O animal engordado durante o ano, é amarrado a um banco ou a um carro de bois e morto, depois era chamuscado e lavado, aberto e desmanchado.
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Neste último mês temos ainda o Natal, o qual deixaremos para uma crónica específica em tempo oportuno.
Haveria muitas outras tradições a referir porém este nosso escrito já vai longo. Deixaremos para outras oportunidades."

Eng.º Rocha dos Santos
in "A Voz de Leça" Ano LV - Número 4 - Junho de 2008


"Dunas"

Tema da banda G.N.R. dedicado à praia de Leça da Palmeira


07/01/2012

TRABALHADORES DO COMÉRCIO
BIOGRAFIA
Em 1979, Sérgio Castro e Álvaro Azevedo (membros dos Arte & Ofício) dão corpo a um projecto paralelo a que chamam Trabalhadores do Comércio.
A característica principal do grupo era o facto de cantar em português, com sotaque à moda do Porto, enquanto os Arte & Ofício construíram toda a sua carreira cantando em inglês. Também havia a questão das letras das músicas, que tinham um certo humor.
O seu disco de estreia, editado em 1980, foi o single intitulado "Lima 5" (1), cujo refrão rezava: "Eu só paro lá no Lima 5, Sou um meu de grabatinha e brinco". A voz do grupo era a do sobrinho de Sérgio Castro, João Luís Médicis, então com 7 anos.
O grupo faz algumas primeiras partes dos Arte & Ofício e edita um novo single: "A Cançõm Quiu Abô Minsinoue" (traduzindo: A Canção Que o Avô Me Ensinou).
O primeiro álbum "Tripas à Moda Do Porto" foi gravado em Londres e contém o tema mais conhecido da banda: "Chamem A Polícia". Outros temas, onde o humor tem lugar marcado são "Atom Messiu, Comantalê Bu" ou "Paunka Roque", para além de "Birinha", "Sim, Soue Um Gaijo do Pôrto" e "Quem Dera".
O grupo toca muito num Bar do Porto chamado Chico's e tenta a edição de um EP "Alaibe At Chico's Bar" que nunca verá a luz do dia.
Em 1982 é editado o segundo LP, "Na Braza", que não conseguiu penetrar no grande público e o grupo suspende as suas actividades.(2) Temas deste disco são "Haxixa na Braza" e "Taquetinho Ou Lebas No Fucinho".
Em 1986, os Trabalhadores concorrem ao Festival RTP da Canção com o tema "Os Tigres De Bengala", que se classificaria em segundo lugar. Esta classificação faz reacender a vontade de voltar a gravar um novo disco. (3)
Sérgio Castro, que entretanto se mudara para Vigo (Galiza), onde se dedica à produção de grupos no seu próprio estúdio Planta Sónica, reagrupa a banda e grava "Mais Um Membro Para A Europa" [uma edição Tigres de Bengala] que inclui uma versão dum tema de Adamo, a que os Trabalhadores do Comércio deram o nome de "Molharei La Farture Dans Ta Tasse Chaude".
Depois de uma paragem de 4 anos o grupo volta a ressurgir em 1990, com João Luís Médicis já contando 17 anos e tocando baixo, e grava o disco "Sermões A Todo O Rebanho" que inclui os temas "Aim Beck USA", "Omo Sexual", "O Boto Útil (com Essa Nos Bais Fadando)", "Quem Toca Assim Num É Manco" (um solo de bateria de Azevedo) e uma versão de "Sex and Drugs and Rock'N' Roll" de Ian Dury justamente intitulada "Fado, Sexo e Vacalhau".
Novamente o humor a ser a imagem de marca dos Trabalhadores do Comércio, que veriam editado, em 1996 um CD-Duplo intitulado "O Milhor Dos Trabalhadores Do Comércio", que inclui um "Bónus Traque" de uma gravação renovada de "Chamem A Pulíssia".
Esporádicamente o grupo tem-se reunido para fazer espectáculos, sobretudo na sua cidade natal.(4)
ARISTIDES DUARTE / NOVA GUARDA
Nós tocámos aqui [na Galiza] em 1981, num festival, e tivemos como grupo de suporte os Siniestro Total, que estavam a começar. Depois disso, soubemos que havia grupos galegos a fazer versões do «Chamem a Polícia». Voltámos à Galiza em 1982, para outro festival, e em 1986, naquelas manifestações do irmamento Vigo-Porto, logo depois da entrada dos dois países na CEE. O grupo tinha uma certa aceitação e as pessoas também me conhecem, particularmente, porque estive nos Sémen Up, um grupo bastante importante a nível regional e nacional. Fui produtor desse grupo [no projecto paralelo Bombeiros Voluntários] em dois discos de «soul music» muito conhecido por aqui, que eram os Bombeiros Voluntários, e quando se referiam a mim, diziam que eu tinha sido o cantor dos Trabalhadores do Comércio.
Foram várias coisas [que levaram ao fim do grupo], mas é um bocado difícil estar a analisar isso agora. Na altura, eu não pensava nos mesmos termos em que faço hoje. Umas das coisas que nos fez acabar, em 1982, foi alguma preocupação em relação ao futuro, principalmente do João, que começava a atravessar uma fase crítica da sua vida. Quando ele voltou a mostrar interesse por isto, nós fizemos aquela brincadeira em 1986/1987, quando gravámos mais um álbum e fomos ao Festival da Canção. Aí, já havia outra dificuldades, pois eu e o Álvaro já estávamos aqui em Espanha, a montar o estúdio de gravação; o disco de 1990, «Sermão a Todo o Rebanho», foi mais uma brincadeira minha e do João, do que um disco dos TdC. Mas a verdade é que eu, de vez em quando, torno-me extremamente consciente de que começo a meter nojo, para pôr as coisas em português corrente. Há tipos com uma lata bestial, que são capazes de andar vinte anos a fazer a mesma coisa, a sacar a nota que aquilo vai andando. Se as pessoas receberem esta colectânea de uma forma positiva, até podemos vir a gravar um disco de originais lá para o fim do ano, como está previsto pela Polygram; mas também podemos chegar à conclusão de que estamos cansados desta história, que já não temos mais nada para contar. O que ninguém nos pode tirar é o gozo que temos, neste momento, em tocar ao vivo.
ENTREVISTA DE JORGE MANUEL LOPES A SÉRGIO CASTRO / BLITZ (1996)
(1) O single  "Lima 5", lançado pela independente Rádio Produções Europa, viria a ganhar o prémio de popularidade da revista TV Guia. A Rádio Produções Europa também publicou o disco "Marijuana" dos Arte & Ofício.
(2) Nesse ano o grupo decide interromper as actividades pelo facto do jovem cantor João ter entrado numa fase mais exigente da sua vida escolar. António Garcez e Sérgio Castro formaram, em 1984, os Stick que chegam a gravar o máxi-single "Como Um Herói" (1984) e o single "Olhos Nos Olhos/Nunca Mais" (1985).
(3) O convite para participar no festival surgiu da parte do Centro de Produção do Porto da RTP. Em 1986 ainda prepararam um novo LP, mas não chegaram a gravar. (em Pública)
(4) Juntam-se em 1998 para participar no Festival Roma Mega Rock. Em Setembro de 2002 tocaram em Vigo e Porto.  Álvaro Azevedo disse ao JN que várias  pessoas ligadas a editoras têm sugerido que se juntem outra vez. Porém, a vida particular não o permite, Sérgio vive em Vigo e João Luís em Inglaterra, mas sempre que haja oportunidade estão disponíveis para tocar.
Comemoraram os seus 25 anos com a inauguração da sua página na internet. Retomaram a sua actividade e em Maio de 2007 lançaram o álbum "Iblussom".
DISCOGRAFIA
Tripas à Moda Do Porto (LP, PolyGram, 1981) Na Braza (LP, Polygram, 1982) Mais Um Membro P'ra Europa (LP, TDB, 1986) Trabalhadores do Comércio (Compilação, Polygram, 1989) Sermões a Todo o Rebanho (LP, PolyGram, 1990) O Milhor dos Trabalhadores do Comércio (Compilação, PolyGram, 1996) Iblussom (2CD, Farol/TDB, 2007)
SINGLES
Lima 5/Que Me Dizes Au Cuncurso (Single, Rádio Produções Europa, 1980) A Cançõm Quiu Abô Minsinoue/A Chabala do Meu Curaçom/ (Single, Gira, 1980) Chamem a Policia/Sou Um Gajo do Porto (Single, Gira, 1981) pirata Chamem a Policia (Single, Polygram, 1981) Alaibe et Chico´s Bar (EP inédito, 1981) Os Tigres de Bengala S. F. R./No Baile de S. Bento (da Bitória)(Single, Transmédia, 1986) Chamem A Pulissia/Nel Ligeiro (Single, Polygram, 1996) Taquetinho Ou Lebas Nu Fucinhu (Single, Polygram, 1996) Febras  (Single, TDB, 2006)
COMPILAÇÕES SE
O Melhor de 2 - Trabalhadores do Comércio/Da Vinci (Compilação, Universal, 2001)
NO RASTO DE...
Sérgio Castro vive em Vigo onde  se dedica à sua empresa de material acústico. Participou no disco "Rio Abaixo" de António Garcez.
Álvaro Azevedo dedica-se à exploração de um bar-discoteca no Porto ("Estado Novo").
No início da década de 90, João Luís Médicis chegou a tocar baixo com os Pippermint Twist. Tirou o curso de Computação e Matemática. Depois esteve alguns anos em Londres a trabalhar. Regressou ao Porto onde é consultador mas dedicando mais tempo à música.
Miguel Cerqueira formou os Pippermint Twist. Trabalha na RTP-Porto.
Jorge Filipe voltou a tocar com o grupo em algumas das últimas aparições ao vivo dos TdC.

"Lima 5"





"A casa foi fundada no histórico dia 25 de Abril de 1974, por 5 sócios, aqui no até então conhecido como o Estádio do Lima. Estádio outrora retratado no clássico filme português “O Leão da Estrela”.
O nome Lima associado ao número de Sócios – na sociedade inicial - deu origem ao conhecido nome Lima 5, que se tornou referência geográfica reconhecida por todos os Portuenses.
Teve início com as actividades de Pastelaria/Salão de Chá, restaurante, garrafeira e frutaria. Em 2008 foi adquirido seu actual proprietário, conhecedor e cliente de longa data, mantendo o bom nível, pelo qual sempre foi conhecido este espaço, bem como a sua gerência Sr. Carlos Carvalho e demais funcionários, com mais de 20 anos de casa."

06/01/2012

D.Luiz I Bridge / Oporto

Ponte D. Luiz I / V.N.Gaia - Porto

Grupo Jáfumega



Jáfumega

O grupo Mini-Pop esteve na origem dos Jáfumega. Os Mini-Pop, quarteto de adolescentes onde pontificavam os irmãos Barreiros (Mário, Eugénio e Pedro), chegaram a fazer algum furor nos anos 70, em Portugal.(1)
Oriundos do Porto, os Mini-Pop gravaram alguns discos de sucesso como "Era Uma Casa Muito Engraçada". Os músicos do grupo foram adquirindo formação musical na área do Jazz e decidiram dar corpo a um novo projecto musical que baptizaram com o nome de Jáfumega.
Para isso, ao núcleo dos irmãos Barreiros juntaram-se o saxofonista José Nogueira e o baterista Álvaro Marques, para além do cantor Luís Portugal.
Em 1980 editam o seu primeiro trabalho, totalmente cantado em inglês e, singelamente intitulado "Estamos Aí". Neste trabalho já é possível ver algumas das pistas que irão ser exploradas em futuros trabalhos da banda.
As vocalizações são repartidas entre a voz aguda de Luís Portugal e a voz grave de Eugénio Barreiros. O tema mais conhecido deste disco, gravado com poucos recursos e com uma prensagem deficiente, é "There You Are", que chegou a ter algum "airplay" no programa "Rock em Stock", de boa memória.
Em pleno Boom do Rock português o grupo decide cantar em português e obtém um estrondoso sucesso com o single "Dá-me Lume", que contém o reggae "Ribeira", no lado 2. Este tema, cujo refrão andava na boca de toda a gente ("A ponte é uma passagem, p'rá outra margem..."), transforma os Jáfumega num dos grupos mais solicitados para concertos em todo o país.
Não é por isso de estranhar que, em Janeiro de 1982, o grupo se apresente ao vivo na cidade da Guarda, onde proporcionou um espectáculo inesquecível, não só pela qualidade da sua música, mas porque Luís Portugal estava doente e não pode estar presente. Eugénio Barreiros substituiu-o nas vozes e ouvir a "Ribeira" na voz potente de Eugénio fica na memória.
Pouco tendo a ver com o Rock português os Jáfumega tinham no seu line up alguns dos melhores músicos portugueses, disso não havia dúvidas.
O regresso da banda dá-se com o LP "Jáfumega" que inclui "Latin'américa" e "Kasbah". Extremamente bem produzido e bem tocado, o álbum é muito bem recebido pela crítica e pelo público.(2)
Em 1983 o grupo edita o seu último trabalho de título "Recados", subdividido em "Recados da Cidade" e "Recados do Campo". Temas como "Romaria" ou "La Dolce Vita" revelam-se sucessos na rádio, mas não trazem ao grupo grandes proveitos comerciais, pelo que a banda se dissolve em 1984.


Cada músico seguirá caminhos diferentes: Pedro Barreiros dedica-se ao Jazz, como baterista ; Nogueira junta-se a António Pinho Vargas, no seu Quinteto; Mário toca com Rui Veloso e faz parte de uma formação dos Bandemónio de Pedro Abrunhosa, antes de seguir uma carreira como produtor de sucesso. De Eugénio Barreiros e Álvaro Marques nunca mais se ouviu falar. Luís Portugal tem p-rosseguido numa carreira a solo, com altos e baixos.
Recordados com grande saudade por todos aqueles que os viram e os ouviram, os Jáfumega, dignos representantes da boa música portuguesa, são hoje colocados na galeria dos clássicos...
(ARISTIDES DUARTE in "NOVA GUARDA")


Curiosamente, os Jáfu'mega não começaram por gravar em português. A primeira edição da banda foi em inglês, mas a grande notoriedade junto do público só se conseguiu um pouco depois, na Primavera de 1981, com "Ribeira", uma canção inspirada pela zona ribeirinha do Porto que fez um sucesso estrondoso na rádio. Mas, os Jáfu'mega tiveram a particularidade de já serem bem conhecidos mesmo antes da primeira edição em vinil, "Estamos Aí", em 1980. Tinham um público fiel, conquistado nos concertos ao vivo, desde há alguns anos. "Fazíamos para aí uns 100 mil quilómetros por ano, já tínhamos concertos em Espanha, mesmo antes de sequer termos editado qualquer disco", aponta o ex-baterista Álvaro Marques.
Os Jáfu'mega duraram seis anos, durante os quais editaram três álbuns e um single, todos de reconhecida qualidade e maturidade musical. A banda dissolveu-se, porém, num momento em que tinham praticamente todo o material pronto para gravar um novo álbum. "A questão essencial é que [depois da edição de "Recados", em 1983] já tinha passado o 'boom' e toda aquela euforia das editoras. Já não queriam gravar tudo o que lhes era proposto e começaram a surgir exigências de comercialismos fáceis e imediatos com que nunca tínhamos pactuado e com os quais não iríamos passar a compactuar", afirma José Nogueira.
Mário Barreiros explica também que a "suspensão" dos Jáfu'mega se deveu ao facto de "começar a tornar-se difícil juntar todos para os ensaios": "Já andávamos a ensaiar por sectores e cada um começava a seguir rumos muito diferentes, até musicalmente. Chegou um momento em que a situação se tornou óbvia". Outro dos irmãos Barreiros, Pedro, recorda que os Jáfu'mega "nunca foram um grupo temerário": "a banda sempre viveu muito dos ensaios, do trabalho conjunto e era só nesse sentido que os Jáfu'mega faziam sentido". Eugénio Barreiros vai ainda mais longe: "Os Jáfu'mega eram aqueles seis músicos, juntos, naquela altura. Foi apenas um episódio na longuíssima história musical de qualquer um de nós". Todos parecem partilhar este entendimento, parecendo quase impossível alguma vez se vir a assistir a uma reunião dos Jáfu'mega. "Só se for para um concerto pela paz" brinca Eugénio Barreiros. Como afirma José Nogueira, "nenhum deixou de ser músico, nenhum parou, não ficou nenhum fio solto no qual pegar outra vez, não ficou nada lá solto para se pegar agora".
(DULCE FURTADO in "PÚBLICA" 14/11/1999)

(1) Durante 10 anos gravaram 7 singles e participaram em cerca de 300 espectáculos.
(2) Algumas das letras do disco tem a assinatura de Carlos Tê. Nesse ano, o grupo participou no festival Vilar de Mouros.

Naquela época, fizemos tudo o que era possível fazer. E, em minha opinião, deixámos coisas intemporais. Por outro lado, o mercado não tinha a abertura que tem hoje e os membros do grupo, excelentes músicos e executantes, sentiam a necessidade de experimentar coisas diferentes. Assim, optámos por uma pausa temporária mas, infelizmente, a paragem foi fatal.
(Luís Portugal in "Clix Porto 2001")

Luís Portugal, cinco anos depois do fim do grupo não resistiu ao apelo do coração e regressou às lides musicais, fazendo parte do Sexteto de Carlos Araújo, projecto de curta duração que deu lugar ao grupo Luís e os Vandidos. Após alguns estudos de marketing, chega à conclusão que o nome de Luís Portugal resultava melhor em termos comerciais, pelo que o disco "Coisas simples", editado em 1992, "um trabalho um pouco naif e ingénuo", surgiu em nome próprio. Um disco que, sendo pouco linear, tinha o condão de misturar rock com música tradicional portuguesa. Seguiu-se "Alta vai a lua", em 95, onde faz uma recolha de música tradicional, canta temas de Natal e dos Reis e experimenta uma nova vertente para a sua música. Lançou um disco ao vivo onde dá voz a temas intemporais da banda que lhe deu maior visibilidade, como "Ribeira", "Latin'America" ou "Nó cego". "Ainda bem que fui eu a dar voz a esses temas. Regozijo-me com isso, mas não nego que me distanciei do que fazia naquela altura".
(J. M. Simões in "JN")

Mário Barreiros além de tocar com o seu Sexteto de jazz é um dos mais conceituados produtores da actualidade (Pedro Abrunhosa, Clã, Ornatos Violeta, Silence 4, Santos & Pecadores..). É o proprietário dos Estúdios MB, situados em Canelas.
Álvaro Marques trocou os pratos e as baquetas pela vida de empresário e tomou por rumo a profissão de engenheiro.
Eugénio Barreiros abraçou o ensino e é na Escola de Jazz do Porto que lecciona piano e expressão em canto, para além de ir aqui e além fazendo música para genéricos e projectos de dança.
Pedro vai dando "uns toques num hotel, com um pessoal amigo", dá aulas de baixo, e trabalha numa loja de instrumentos musicais do Porto.
José Nogueira O saxofonista que vinha do jazz antes de integrar os Já Fumega, regressou ao jazz. Tornou-se cúmplice por excelência do pianista António Pinho Vargas, quer como músico quer como produtor. Não se desligou da loja de instrumentos musicais, negócio de família antigo, e desempenha desde há alguns anos as funções de consultor da Fundação de Serralves na área do jazz.
(in Pública/99)

Breve História da Cidade do Porto
Oporto short History


PORTUGUÊS
A área ocupada hoje pelo Porto foi cenário da vida humana desde o Paleolítico superior. Não existe ainda consenso onde surgiu o núcleo da antiga cidade inserindo-se aqui o problema da discussão de Cale e Portucale. Cale (Calem) aparece no Itinerário de Antonino ( séc. II. d.C. ). Para Sousa Machado, Cale será apenas o ponto de passagem entre as duas margens do Douro e terá o sentido de abrigo, isto é, de porto. A Cale os romanos juntaram portus ( Portuscale, Portucale), segundo o mesmo autor, Cale, como povoação arcaica pré-romana não terá existido. Mendes Correia,  situa Cale no morro do Corpo da Guarda, na área mais tarde designada Cividade,  como local de povoamento pré romano que precede o Porto. Perto, o morro de Pena Ventosa, onde se levanta a Sé, teria segundo este autor,  igualmente uma ascendência pré-romana.  Portucale ficaria ainda junto do Douro na zona ribeirinha. Existindo ainda outras opiniões, parece ser consenso admitir a importância do morro de Pena Ventosa na origem da cidade no período pré-romano, na romanização e posteriormente, ( tese mais tradicional ). Imensas descobertas arqueológicas permitem atribuir relevo especial ao morro de Pena Ventosa. Aí, certamente o lugar da antiga Cale e, por isso, a origem do Porto. A confirmar estará a origem da própria palavra, à qual têm  sido atribuídos muitos sentidos, mas que no seu étimo ( Cal, Kal ) significa pedra, rocha, lugar elevado e rochoso, Portuscale   ( do nome romano Portus + Cale), Portucale era de principio o Porto de Cale, que ficava naturalmente, junto do Douro , na foz do rio de Vila. Alguns séculos mais tarde, ( documentalmente desde o 1º quartel do séc. XII, mas na prática já antes ) a cidade passou a designar-se por Portus, Porto com o 1º elemento do nome, caindo a parte final.
De verdade histórica indiscutível, é a existência de dois muros defensivos no Porto, ambos medievais: A muralha dita sueva ( cerca velha ) e a muralha  fernandina  ( cerca nova ), das quais existem ainda hoje vestígios. Situam-se nos mais recuados séculos da idade média a época em que se ergueu a primeira muralha em volta da cidade no modesto povoado castrense  no alto do morro da Pena Ventosa. Atribui-se aos Reis Suevos, a construção dessa primitiva cerca e terá sido sobre os alicerces dessa fortificação sueva , arrasada pelo chefe mouro Almançor em 825 , que o Gascão Moninho Viegas, ( trisavô de Egas Moniz ), ajudado pelos cristãos,   no tempo da Reconquista, mandaria reconstruir os muros do burgo .  Na acção da reconquista  do território aos mouros, conhecida como Presúria do Porto, ( no ano de 868 ), foi importante o papel do Conde de Vimara  Peres, considerado pelos historiadores o " restaurador da cidade de Portucale e fundador da terra portucalense", recordado desde 1968, na estátua equestre erguida junto á catedral portucalense.  Designada também  "Castelo do Porto" em muitos documentos antigos, a cerca velha, data pois, da Alta Idade Média e existia ainda em 1120, aquando da doação do Burgo Portucalense ao Bispo D. Hugo. De facto, no documento de doação de D. Teresa, referem-se territórios "extra muros", que integravam, para além do Castelo propriamente dito, o couto  doado ao primeiro bispo da diocese definitivamente restaurada. Esta cerca primitiva, erguia-se no morro da Pena Ventosa, á volta da Sé e de algumas construções que formavam o núcleo do primeiro burgo portucalense.
No  tempo de D. Afonso Henriques foi o Bispo D. Pedro Pitões que recebeu junto á Sé os cruzados nórdicos que , em 1147, entraram na barra do Douro, convencendo-os a auxiliarem o Rei Português na conquista de Lisboa.
Fonte: Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura da Verbo e Comércio do Porto (Porto Património Mundial.)



ENGLISH
The area now occupied by Port witnessed human life from the Upper Paleolithic. There is also consensus which emerged at the heart of the ancient city is about entering the discussion of the problem and shut Portucale. Cale (Calem) appears in the Itinerary of Antoninus (séc. II. AD). For Sousa Machado, Cale is the only point of passage between the two banks of the Douro and have a sense of shelter, ie port. The Romans joined Portus Cale (Portuscale, Portucale), by the same author, Cale, as archaic pre-Roman settlement will not have existed. Mendes Correia, located on the hillside of Cale's Body Guard in the area later designated Cividade, as a place of settlement before the Roman pre Porto. Near the hill of Pena Ventosa, which raises the Cathedral, had by this author, also a pre-Roman descent. Portucale would also close in the Douro waterfront. There are other views, seems to be consensus to admit the importance of the Pena Ventosa hill behind the town in pre-Roman in romanization and then (more traditional view). Many archaeological discoveries allow special emphasis to the Pena Ventosa hill. There certainly shut the place of the former and therefore the origin of Porto. The confirmation is the origin of the word itself, which have been attributed many meanings but in its etymon (Cal, Kal) means stone, rock, high and rocky place, Portuscale (the Roman name Portus Cale +), was Portucale beginning the Port of Cale, who was of course, with the Douro at the mouth of the river to Vila. Some centuries later, (documented since the 1st quarter of century. XII, but in practice even before) the city has become a Porto, Porto with the 1st part of the name, dropping the final.
Of indisputable historical truth is the existence of two defensive walls in the port, both medieval: The wall itself sueva (some old) and Fernandina wall (some new), of which there are still traces. They are indented in the most centuries in the average age at the time that the first wall was erected around the city in modest village castrense on top of the Pena Ventosa hill. Attaches to the Kings Suevos, the construction of some primitive and have been on the foundations of this fortress sueva, devastated by the head Almançor Moor in 825, the Gascon Moninho Viegas, (trisavô of Egas Moniz), helped by Christians at the time of Reconquista, send rebuild the walls of the village. The action of the reconquest of territory from the Moors, known as Presúria of Porto, (in the year 868), it was important the role of the Count of Vimara Peres, considered by historians the "restorer of the city of Portucale and founder of Portucalense land," recalled since 1968, the equestrian statue erected next to the cathedral Portucalense. Also called "Castle of Porto" in many old documents, some old data because of the High Middle Ages and still existed in 1120, when the gift of the Bishop D. Burgo Portucalense Hugo. Indeed, the document of gift of D. Teresa, refer to territories "extra muros" which includes, in addition to the Castle itself, the Couto donated the first bishop of the diocese finally restored. This almost primitive, stood at the hill of Pena Ventosa, around the Cathedral and some buildings that formed the core of the first village Portucalense.
At the time of D. Afonso Henriques was the Bishop D. Pedro Pitões who received the cross next to the Cathedral Nordic that in 1147, entered the bar of the Douro, persuading them to assist the King in the Portuguese conquest of Lisbon.
Source: Encyclopedia of Luso-Brazilian Culture and Commerce of the Word of Porto (Porto World Heritage.)
RUI VELOSO * Porto Sentido



Nascido em Lisboa, mas criado desde os três meses de idade no Porto, é filho do engenheiro Aureliano Capelo Veloso, ex-presidente da Câmara Municipal do Porto. É igualmente sobrinho paterno do General Pires Veloso, ex-governador de São Tomé e Príncipe.
Cantor, compositor e guitarrista, começou a tocar harmónica aos seis anos. Mais tarde deixar-se-ia influenciar por B.B. King e Eric Clapton, e lançou, com vinte e três anos, o álbum que o projectou no panorama da música nacional, Ar de Rock. Dele fazia parte a faixa Chico Fininho, um dos maiores sucessos da obra de Rui Veloso e de Carlos Tê, seu letrista.
Entre os seus restantes sucessos fazem parte Porto Sentido, Não Há Estrelas No Céu, Sei de Uma Camponesa, A Paixão (Segundo Nicolau da Viola) e Porto Covo.
Na década de 1990 integrou o Rio Grande, formado por Tim, João Gil, Jorge Palma e Vitorino, num estilo de música popular com influências alentejanas que alcançou uma considerável popularidade. Dessa experiência resultariam dois discos, um de originais em 1996, outro ao vivo, em 1998.
Em 2000 lançou a compilação O Melhor de Rui Veloso - 20 anos depois, seguindo-se um disco de tributo dedicado ao seu álbum de estreia: 20 anos depois - Ar de Rock.
Em 2003, a mesma formação dos Rio Grande, mas sem Vitorino, voltou a juntar-se no projecto Cabeças no Ar, dedicado a canções nostálgicas que remontam aos tempos da escola, entre elas O Primeiro Beijo.
Regressou aos discos de originais, em 2005, com A Espuma das Canções. Em 2 de Junho de 2006 actuou no Rock in Rio em Lisboa, precedendo os concertos de Carlos Santana e de Roger Waters. No mesmo ano comemorou vinte e cinco anos de carreira, ocasião brindada com três concertos, dois no Coliseu do Porto e um no Pavilhão Atlântico. Em 2008 colaborou com a banda Per7ume no tema Intervalo, que foi um record de vendas nacional. Em 2009 lançou o álbum Rui Veloso ao Vivo no Pavilhão Atlântico. No ano de 2010, o Rui Veloso, conhecido como "Pai do Rock Português" comemorou 30 anos de carreira com concertos no Coliseu de Lisboa e no Coliseu do Porto, esgotando ambos.
Como empresário abriu o seu próprio estúdio, o Estúdio de Vale de Lobos, situado em Vale de Lobos, perto de Belas, e fundou também a editora Maria Records, que acabou por fechar.
Rui Veloso recebeu a Grã-Cruz da Ordem do Infante, atribuído pelo Presidente Mário Soares.



Dezembro 1909 / Cheia no Rio Douro










The Indians don´t like taking pictures for they believe the camera will steal their souls...
And doens´t it happen, everytime we stay forever in an image?

Os Índios fogem às fotografias pois receiam que a máquina lhes vá roubar a alma...
E não sucede um pouco isso de cada vez que somos imortalizados numa imagem?